Psicodrama e Educação

Acreditando que o uso do psicodrama na educação e na escola, por intermédio de profissionais da psicologia, da pedagogia e de outras áreas interessadas possa ser de grande utilidade, construí este espaço virtual, na intenção de mostrar algumas facetas dessa interação. Desejo despertar no internauta o desejo de se aprofundar no conhecimento do profundo, amplo e sempre útil psicodrama, que por meio “da ação” me fez perceber a sua importância na minha própria formação.

10.12.06

Histórico do psicodrama na escola

Desde as colocações de Moreno em: "O Psicodrama na educação" (publicadas originalmente em 1929 e republicado em: Moreno, 1987, p. 197-205), diversos psicodramatistas têm se dedicado ao desenvolvimento do psicodrama aplicado à escola. Dentre eles se destacou M. A. Romaña, que desenvolveu o "Psicodrama Pedagógico".

Romaña (1996) cita em seu livro uma trajetória do psicodrama pedagógico. Ela cita que em 1963 ocorreu a primeira experiência de aplicação do psicodrama na educação na Escuela de Belas Artes na Argentina, aonde se trabalhou a simbolização de conceitos. Logo depois foram feitas experiências em pré-escolares. No período de 1964 a 1966, foram feitas dramatizações em aulas de pedagogia. De 1966 a 1968 foram realizadas demonstrações frustrantes em educadores que não aceitavam a dramatização como ferramenta didática. Em agosto de 1969, em um congresso em Buenos Aires foi realizada a apresentação oficial do psicodrama pedagógico. Em 1970 se fundou a primeira escola de psicodrama pedagógico de que se tem notícia.

A proposta do psicodrama pedagógico de Romaña foi muito importante por representar o início da utilização da dramatização na escola. Mas sua utilização é restrita à finalidade didática, tanto que a sua proposta se destina à educadores. Atualmente, o uso do psicodrama na escola tem-se expandido para outras aplicações, adentrando na prática do psicólogo escolar, não somente do professor. Se entendermos a escola como composta por vários sub-grupos, podemos dividí-la em grupos de pais, de alunos, de professores, de gestores (orientadores, diretores), de apoio (serventes, bedéis), comunidade (amigos da escola, vizinhança...). O psicodrama tem sido aplicado a todos esses grupos descritos anteriormente, como revela a entrevista com Gessilda (da Sociedade Brasileira de Psicodrama) e como mostram os estudos de Paula (2006) que trabalhou com os alunos e seus pais, e Andrade (2002).

Mas a abordagem de Romaña tem ainda encontrado seus adeptos como o estudo de Borsato e Andrade (2000). Os estudos de Solange L’Abbate (1994) e de Ruiz-Moreno et al (2005) refletem essa tendência, aplicando o psicodrama à educação de profissionais de saúde, proporcionando reflexões desses profissionais sobre sua prática, sobre as relações hierárquicas entre outros assuntos. L’Abbate aponta a importância de se entender que a formação do profissional de saúde se reflete no atendimento ao usuário.

Referências


ANDRADE, A. S. (2002) “Sociodrama Educacional: Grupos de Professores, Alunos e Pais”. Revista da SPAGESP - Sociedade de Psicoterapias

versão sintética disponível em: http://gepsed.ffclrp.usp.br/socd-educ.pdf

ANDRADE, A. S. (2000) “Sucesso, Dificuldades e Resistências no Uso da Criatividade e Espontaneidade Dramática na Prática de Sala de Aula em um Grupo de Professores”. Em: Guarnieri, M. R. (Org.) Aprendendo a Ensinar: o caminho nada suave da docência, Campinas, SP.

Borsato, C. R. e Andrade, A.S. (2000) Assessoria à Professores de 1a. a 4a. Séries Visando o Desenvolvimento do Profissional Reflexivo a partir dos Princípios do Psicodrama Pedagógico (Resultados Preliminares).São Paulo: FEBRAP, Revista Brasileira de Psicodrama, 8(2): 69-82. Trabalho desenvolvido pela primeira autora como Dissertação de Mestrado junto ao Programa de Pós-Graduação em EducaçãoEscolar na FCL/UNESP, Campus de Araraquara, sob a orientação do segundo autor e subvencionado pela Fundação de Amparo À Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).

L’Abbate, S. (1994) Educação em Saúde: uma nova abordagem. Caderno de Saúde Pública. 10 (4), 481-490

Ruiz-Moreno, L., Romaña, A., Batista, S. H., Martins, M. A. (2005) Jornal vivo: relato de uma experiência de ensino-aprendizagem na área de saúde. Comunicações em Saúde e Educação 9 (16), 195-204.

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